Amei esse texto. É sempre bom reflfetirmos sobre nós mesmos, nossas funções e atitudes!
Maria Lúcia Andreoli de Moraes*
Propuseram-me que escrevesse um texto sobre férias do professor. Fui informada de que a preferência recaía sobre um professor psicólogo. Por quê, me perguntei. Seremos nós, psicólogos, dotados de um saber especial, de uma sabedoria que nos proporciona o domínio total deste período tão almejado por todos, as férias?
Falei para um colega não-psicólogo a respeito do tema solicitado. Ele imediatamente me questiona: e professor tem férias? Pensei: - ora, este é o mote do texto que vou escrever! Além disso, também aproveitei a pergunta como título do texto. Assim, aos poucos fui organizando minhas idéias sobre este assunto que no momento anda pairando sobre todos nós, professores, não como uma nuvem negra, mas como uma radiosa estrela que nos mostra o caminho a seguir, logo depois deste mês de novembro, tão repleto de correções de provas, trabalhos e explicações para alunos, principalmente os descontentes com suas avaliações.
A pergunta a respeito de se professor tem férias é muito apropriada, pois esta função, ser professor, impregna de tal sorte nossa vida que em praticamente tudo o que fazemos, pensamos em como vamos levar tal assunto ou tal experiência ao contexto do ensino-aprendizagem. Esta tendência, a princípio, me parece perfeitamente compreensível, uma vez que, quando ampliamos nossos conhecimentos, ao mesmo tempo já tentamos imaginar um modo de integrar este novo dado à prática de sala de aula. E isto ocorre diuturnamente. O professor é alguém implicado necessariamente na tarefa de pensar por si mesmo e de auxiliar o estudante a que pense por si mesmo. E este processo não tem trégua, mesmo nas férias. Assim, por este lado, meu colega tem razão, professor não tem férias.
No entanto, sabemos muito bem o quanto esta atenção constante nos estressa, chegando a produzir algumas afecções estudadas na atualidade, afecções típicas do professor, como a já conhecida síndrome de burnout. Pensando a respeito da vigilância constante que o professor empreende na sua vida cotidiana, o tema férias reveste-se de uma importância especial. Está bem, estamos sempre absorvendo novas idéias, pesquisas atualizadas, movimentos sociais e produções culturais contemporâneas, e isto é muito enriquecedor para nossa prática docente. Porém, se com isto deixamos de lado nosso ser pessoal, nossas demandas mais internas, corremos o risco de, mesmo nas férias, não conseguir de fato relaxar tensões.
Gosto de pensar que só me sinto em férias, mesmo, quando esqueço em que dia da semana ou mesmo do mês me encontro, ou deixo o relógio na prateleira e consigo não me perguntar que horas são. Neste momento, consigo desfrutar plenamente do tempo que me é concedido todos os anos, para que eu possa deixar de lado as rotinas docentes e ingressar num estado de fazer nada e não me culpar por isto. Fazer nada nas férias certamente varia de pessoa para pessoa, pois cada um tem sua concepção a respeito. Para alguns, talvez seja pescar, para outros, fazer uma comidinha gostosa, ler um livro embaixo de uma árvore, conhecer lugares novos ou tantas outras coisas. Mas o espírito de férias só pode acontecer quando se consegue deixar de lado tudo aquilo que temos de fazer e nos dedicamos às coisas que queremos fazer. Portanto, queridos colegas, neste final de ano, vamos olhar para nós mesmos e pensar seriamente no que desejamos fazer nas férias e fazê-lo com convicção, sem dar chance ao nosso famigerado chamado ao dever.
*Doutora em Psicologia, professora na graduação da Psicologia PUCRS e membro da equipe interdisciplinar do Centro de Atenção Psicossocial da PUCRS
Propuseram-me que escrevesse um texto sobre férias do professor. Fui informada de que a preferência recaía sobre um professor psicólogo. Por quê, me perguntei. Seremos nós, psicólogos, dotados de um saber especial, de uma sabedoria que nos proporciona o domínio total deste período tão almejado por todos, as férias?
Falei para um colega não-psicólogo a respeito do tema solicitado. Ele imediatamente me questiona: e professor tem férias? Pensei: - ora, este é o mote do texto que vou escrever! Além disso, também aproveitei a pergunta como título do texto. Assim, aos poucos fui organizando minhas idéias sobre este assunto que no momento anda pairando sobre todos nós, professores, não como uma nuvem negra, mas como uma radiosa estrela que nos mostra o caminho a seguir, logo depois deste mês de novembro, tão repleto de correções de provas, trabalhos e explicações para alunos, principalmente os descontentes com suas avaliações.
A pergunta a respeito de se professor tem férias é muito apropriada, pois esta função, ser professor, impregna de tal sorte nossa vida que em praticamente tudo o que fazemos, pensamos em como vamos levar tal assunto ou tal experiência ao contexto do ensino-aprendizagem. Esta tendência, a princípio, me parece perfeitamente compreensível, uma vez que, quando ampliamos nossos conhecimentos, ao mesmo tempo já tentamos imaginar um modo de integrar este novo dado à prática de sala de aula. E isto ocorre diuturnamente. O professor é alguém implicado necessariamente na tarefa de pensar por si mesmo e de auxiliar o estudante a que pense por si mesmo. E este processo não tem trégua, mesmo nas férias. Assim, por este lado, meu colega tem razão, professor não tem férias.
No entanto, sabemos muito bem o quanto esta atenção constante nos estressa, chegando a produzir algumas afecções estudadas na atualidade, afecções típicas do professor, como a já conhecida síndrome de burnout. Pensando a respeito da vigilância constante que o professor empreende na sua vida cotidiana, o tema férias reveste-se de uma importância especial. Está bem, estamos sempre absorvendo novas idéias, pesquisas atualizadas, movimentos sociais e produções culturais contemporâneas, e isto é muito enriquecedor para nossa prática docente. Porém, se com isto deixamos de lado nosso ser pessoal, nossas demandas mais internas, corremos o risco de, mesmo nas férias, não conseguir de fato relaxar tensões.
Gosto de pensar que só me sinto em férias, mesmo, quando esqueço em que dia da semana ou mesmo do mês me encontro, ou deixo o relógio na prateleira e consigo não me perguntar que horas são. Neste momento, consigo desfrutar plenamente do tempo que me é concedido todos os anos, para que eu possa deixar de lado as rotinas docentes e ingressar num estado de fazer nada e não me culpar por isto. Fazer nada nas férias certamente varia de pessoa para pessoa, pois cada um tem sua concepção a respeito. Para alguns, talvez seja pescar, para outros, fazer uma comidinha gostosa, ler um livro embaixo de uma árvore, conhecer lugares novos ou tantas outras coisas. Mas o espírito de férias só pode acontecer quando se consegue deixar de lado tudo aquilo que temos de fazer e nos dedicamos às coisas que queremos fazer. Portanto, queridos colegas, neste final de ano, vamos olhar para nós mesmos e pensar seriamente no que desejamos fazer nas férias e fazê-lo com convicção, sem dar chance ao nosso famigerado chamado ao dever.
*Doutora em Psicologia, professora na graduação da Psicologia PUCRS e membro da equipe interdisciplinar do Centro de Atenção Psicossocial da PUCRS
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